O
QUE É NEUROCIÊNCIA?
A Neurociência é a ciência que estuda o SNC (Sistema Nervoso
Central) e SNP (Sistema Nervoso Periférico), além de estudar a anatomia e
fisiologia cerebral.
Os estudos da Neurociência se referem ao encéfalo que é o conjunto
do tronco cerebral, cerebelo e cérebro, parte superior do sistema nervoso
central que controla o organismo.
A Neurociência é uma ciência nova, antes quem estudava a
anatomia cerebral e sua fisiologia era somente a neurologia, hoje esta ciência
recente, e tão importante, não somente estuda o encéfalo como tem uma multidisciplinaridade
e está sendo utilizada em várias áreas de pesquisas e departamentos de justiça
(Neurociência Forense) além da polícia, tal como no FBI, nos Estados Unidos,
devido ao seu aprofundamento sobre o funcionamento do cérebro, as sinapses neuronais
e como esse órgão conduz o nosso comportamento.
Essa
ciência teve seu início no século XIX com os experimentos dos fisiologistas
Fritsch e Hitzig, após fundamentar as pesquisas de Wernicke e Broca sobre a
funcionalidade das áreas da linguagem no lobo temporal cerebral.
Gustav
Fritsch e Eduard Hitzig aprimoraram os conhecimentos da neurologia sobre o
funcionamento do SNC estabelecendo a localização cerebral e suas funções com
estimulações elétricas: estimularam pequenas regiões cerebrais com eletricidade
na superfície do cérebro de cães acordados o que causou contrações musculares
na cabeça e pescoço e em outras partes causavam reações nas pernas anteriores e
posteriores. Isso significa que estes cientistas realizaram um experimento de
localização anatômica e didática das partes motoras do cérebro. O que para nós
foi uma conquista, pois a partir dai foram realizados vários outros
experimentos dando início a uma nova área de estudos e pesquisas, isto é, a
Neurociência que conhecemos hoje.
Após
a pseudo ciência de Gall – a teoria
sem fundamentação teórica e pesquisas realmente comprovadas – a frenologia ser
refutada, a Academia Francesa de Ciências pediu ao neurofisiologista Pierre Flourens para realizar experimentos em animais em prol
da refutação das inferências de Gall. Deste modo, suas primeiras pesquisas se iniciaram em 1825 quando foram feitas as
primeiras descobertas relacionadas ao funcionamento do encéfalo.
Dai por
diante muitas pesquisas referentes ao funcionamento do encéfalo se
estabeleceriam dando a proporção de pesquisas neurocientíficas que existem
hoje.
A associação
de neurocientistas foi criada somente na década de 1970 dando possibilidades
dos estudos se multiplicarem e serem usados em várias áreas, no entanto ela é
uma ciência única, contudo utilizada para vários setores, seja na educação, na
saúde, no marketing, nas tecnologias de informática ou laboratoriais, enfim, é
preciso conhecer o funcionamento do encéfalo para conhecer o comportamento
humano.
Essa
ciência nasce a partir da neurofisiologia, mas tem sua fundamentação na
biologia, pois parte do pressuposto das ciências biológicas, porque se estuda a
estrutura das moléculas, das ciências químicas e físicas, porque estuda as
propriedades elétricas e químicas. Deste modo, podemos dizer que a Neurociência
é muito rica, pois é multidisciplinar o que nos causa algum trabalho em estuda-la.
O estudante que não tiver alguma base em biologia deverá se interar.
Estudos
neurocientíficos mostram que gestações mal sucedidas podem causar lesões, doenças
mentais e deficiência intelectual nas crianças, ou seja, está área nos ajuda
identificar os por quês de déficits intelectuais e distúrbios neurobiológicos,
dando respaldo ao Psicopedagogo e ao professor em sala de aula.
Acidentes
durante a gravidez e o parto, infecções maternas por rubéola, asfixia durante o
parto, nutrição deficiente durante a gravidez, síndrome fetal alcoólica, estado
de miséria – falta de boa nutrição, socialização e estímulos sensoriais –
durante a infância, tudo isso foi documentado pela neurociência como causas de
deficiência intelectual em bebês.
É por
isso que estudantes de pedagogia ou de outras licenciaturas, enfim, quem
pretende ser professor deve iniciar os estudos em Neurociência, porque é
preciso saber que nem todo aluno aprende com aulas tradicionais: as aulas devem
ser personalizadas. Além disso, é preciso entender que um aluno de uma classe social
menos favorecida, por muitas vezes, não terá a mesma inteligência de um aluno
da elite, ou seja, as possibilidades de problemas no encéfalo durante a
gestação são possíveis.
Com o
estudo da Neurociência podemos conhecer didaticamente as partes do cérebro, as
células neuronais e como se dão as sinapse e saber, principalmente, como estimulá-lo
para que haja uma maior probabilidade de conhecimentos. Sabemos hoje que o
nosso cérebro é plástico, isto é, quanto mais estimulo, mais se expande proporcionando
novas sinapses.
Crianças
com retardo mental têm falhas no espinhamento dendrítico, ou seja, quanto mais espaçamentos
nos espinhos dos dendritos maior é o grau de deficiência. Uma criança cuja vida
neonatal foi prejudicada, por falta de nutrientes ou devido à doenças, terá
menos sinapses, portanto profundas mudanças nas conexões cerebrais.
Para
reverter esse quadro é preciso estimular o cérebro com instrumentos pedagógicos,
os jogos, por exemplo, e com uma alimentação adequada, além de estímulos sociais,
conexões com o mundo exterior, novas culturas, atividades lúdicas etc. tudo
isso em prol de uma plasticidade cerebral.
O cérebro
é dividido didaticamente em dois hemisférios: o direito (área da criatividade)
e o esquerdo (área da lógica e da linguagem), contudo funciona em conjunto, não
existe a possibilidade de uma área funcionar mais que a outra, somente se for
lesionada.
Além
dos hemisférios o encéfalo foi dividido didaticamente para estudos, para que
possamos saber como ele funciona e qual região é responsável pelo o quê e de
que forma as sinapses neuronais passam as informações entre si e como
estabelecem o funcionamento do encéfalo, bem como do corpo.
O
neocórtex cerebral ou cérebro racional é dividido em Lobos ou regiões:
Lobo Frontal –
Dividido em duas áreas, córtex motor e pré-frontal, a principal função do
córtex motor e controlar os movimentos voluntários, incluindo a linguagem, da
escrita e dos olhos. O pré-frontal é responsável pelas funções cognitivas, está
relacionado com o raciocínio lógico.
Lobo Temporal – É
relacionado principalmente com o sentido da audição possibilitando o
reconhecimento de sons específicos e a intensidade do som. É responsável pelo
estabelecimento da memória, pois aqui fica o Hipocampo que é a sede das
memórias.
Lobo Occipital – É
responsável pelo processamento das informações visuais, tumores ou lesões nesta
região pode causar cegueira.
Lobo Límbico – Envolvido
com aspectos comportamentais é influenciado pelas emoções, onde nascem, e
comportamento sexual. As memórias são processadas nesta região, no hipocampo. Essa
região é muito trabalhada por nós Psicopedagogos e neurocientistas, porque essa
é a sede das emoções e são elas que efetivam os conhecimentos, e da defesa
instintual, pois é aqui que ficam as amigdalas responsáveis pelo medo e a
ansiedade.
Lobo Parietal – Localizado
na parte superior do cérebro é subdividido: parte anterior (designa-se por córtex
somatossensorial que possibilitam a recepção das sensações, de dor, tato e temperatura
do corpo) e posterior que é uma área secundária e analisa, interpreta e integra
as informações recebidas pela área anterior ou primária.
Toda
a funcionalidade do nosso corpo perpassa as áreas cerebrais, inclusive aquela
sensação que alguns chamam de “sexto sentido” que na verdade são os nossos
neurônios, que estão em várias partes do nosso organismo, mandando informações
para o nosso Lobo Parietal, responsável pelas sensações e percepções.
Portanto,
o estudo da Neurociência é importante para saber como o nosso encéfalo
funciona, como conduz o nosso comportamento, como são feitas as sinapses e de
que forma posso melhorar o meu desempenho cerebral, isto é, como posso melhorar
a minha plasticidade cerebral. Isso significa que com estímulos todos nós
podemos ser pessoas inteligentes.
Bibliografia
COSENZA, Ramon M. &
GUERRA, Leonor B. Neurociência e Educação.
Porto Alegre: Artmed, 2011.
MELO et al. Neuroanatomia: Pintar para aprender. Rio
de Janeiro: Gen/ Roca, 2018.