terça-feira, 8 de outubro de 2019

ATENÇÃO, APRENDIZAGEM E MEMÓRIA



ATENÇÃO APRENDIZAGEM E MEMÓRIA.
       Para saber como o cérebro aprende e como armazenamos informações e conhecimentos primeiro é preciso saber qual é a fisiologia cerebral, ou seja, como o cérebro funciona.
Para isso nos baseamos na neurociência da educação, bem como na fisiologia e anatomia cerebral.
Entendendo o sistema límbico:
       O sistema ou estrutura límbica é parte do cérebro onde se localiza as nossas emoções e memórias, pois ambas fazem parte do mesmo lobo cerebral.
A estrutura límbica regula o comportamento emocional, desta forma é preciso cuidar para que emoções negativas não influenciem na memória: se tenho um trauma por causa de uma aprendizagem mal sucedida não irei guardar os conhecimentos na memória, tampouco querer aprender novamente, pois emoções negativas provocam um bloqueio na memória permanente.

            CONCEITO
            As emoções são experiências subjetivas acompanhadas de manifestações fisiológicas, nem sempre fáceis de ser detectadas. Para a Neurociência, as emoções são fundamentais para a adaptação do indivíduo. No entanto, estabelecer as bases neurais das emoções é uma tarefa complexa e ainda não completamente elucidada.
O termo lobo límbico (limbus: margem, borda) foi sugerido por Pierre-Paul Broca, que se referiu ao conjunto constituído por um anel de estruturas corticais dispostas na face medial e inferior do encéfalo, ao redor do diencéfalo e do tronco encefálico, considerado essencial no comportamento emocional. (MELO, et al., 2018, p. 171).
Figura 1
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Para quem não conhece a anatomia cerebral, o lobo límbico fica na face medial, no meio, interior, do cérebro e tem estruturas que conduzem as nossas emoções e nos faz ter reações ao meio em que vivemos,
No entanto nem sempre as informações ou estímulos externos nos causam bem estar, por isso é necessário que tenhamos boas emoções para aprendermos, pois os neurônios liberam substâncias químicas que nem sempre são agradáveis. Contudo, ao aprendermos o que gostamos e quando somos recompensados as nossas células neuronais liberam um neurotransmissor chamado Dopamina que nos dão a sensação de bem estar, o que na psicologia Behaviorista chamamos de reforço positivo.
O cérebro está apto a aprender, assim sendo só tem essa pré-disposição para aquilo que tem significado, isso quer dizer que o aprendente precisa saber o que está aprendendo e qual a sua utilidade. Portanto, não são somente as emoções que irão lhe dar condições para fixar os conhecimentos na memória, mas também a utilidade do conhecimento.
Chamamos esse significado de hierarquia do conhecimento que é a capacidade do ser humano saber para que serve tal conhecimento, o que o sujeito irá fazer com o que aprende, mesmo que seja o conhecimento pelo conhecimento que neste caso deve ser explicado ao aluno, pelo professor, que todo conhecimento tem valor, porque este provoca a plasticidade mental e é um exercício para o raciocínio logico, além de despertar a criatividade.
Destarte, o professor deve ser um construtor do conhecimento e perceber o aprendente como o centro da aprendizagem mostrando-lhe o caminho para o conhecimento sendo afetivo e criativo, promovendo aulas lúdicas em que o aluno possa participar e não ser somente mero espectador.
Os jogos, as encenações, as aulas práticas em campo, enfim as teorias colocadas em pratica são subsídios para a hierarquia do conhecimento. Além disso, o professor deve mostrar interesse pela aprendizagem de cada aluno sendo empático e atencioso. Quando se fala em afetividade não significa que o professor deva abraçar e beijar os seus alunos ou trata-los como filho, mas deve mostrar o engajamento na ensinagem buscando métodos diferenciados que possa alcançar todos os aprendentes: aulas tradicionais expositivas não alcançam a todos, por isso o professor deve ser criativo, lúdico.
Passar as mãos nos cabelos, tocar os ombros agradecer, elogiar quando o aluno se envolve com o saber são gestos afetivos, o que faz com que os neurônios liberem a dopamina (neurotransmissor da recompensa) fazendo com que o aluno queira aprender mais e participar das aulas.
O professor deve saber qual é a melhor forma de apresentar os conhecimentos ao aluno de modo que este reconheça os saberes como significante: a apresentação de uma peça de teatro temática, a confecção de um jornal com notícias históricas ou com conteúdo político leva o aluno a entender a sua própria realidade. Nas aulas de História fazer comparações com o que está acontecendo na contemporaneidade faz com que o aprendente entenda que estudar o passado pode mudar o presente e que momentos históricos se repetem. É preciso fazer a ponte entre um período histórico passado com a atualidade: isso é hierarquia do conhecimento, além de despertar afeto.
No sistema límbico temos o Hipocampo que é a região em que se estabelecem as memórias e estruturas que causam emoções, portanto se as emoções forem negativas o aluno bloqueará o conhecimento, visto que as amigdalas cerebrais – pequenas estruturas que se parecem com amêndoas – tem uma relação anatômica com o hipocampo. Uma das funções do corpo amigdaloide é exercer a interface entre as percepções e as emoções: isso significa que essa estrutura percebe o que está acontecendo em nosso entorno e aciona nossas defesas, destarte podemos paralisar correr ou agredir, pois as sensações são de medo e ansiedade.
Um indivíduo com medo ou ansioso não fixa conhecimentos na memória, já que é preciso calma e afeto para que os conhecimentos se fixem. Essa região analisa o nível de ameaça e nos defendem dos perigos. Pensar em um aluno que agride, que atrapalha a aula ou que estagna, é pensar em alguém que está ansioso, com medo ou se sente ameaçado.
Atenção: Pais devem trabalhar a autoestima de seus filhos.

Memória Operacional ou Memória de Trabalho.
A memória não é unitária ela pode ser de longo prazo ou de curto prazo.
Memória de longo prazo: é responsável pelo registro de duração de nossas lembranças permanentes: geralmente as nossas lembranças permanentes estão ligadas às emoções, sejam elas positivas ou negativas.
Memoria de curto prazo: responsável por armazenar acontecimentos recentes, é a nossa memória de trabalho. Quando dormimos guardamos somente as memórias que nos interessam. O cérebro joga fora informações inúteis.

Figura 2.
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Memória explicita transitória: conhecimentos adquiridos, lembrados e utilizados conscientemente. Ex: o que comemos no almoço ou número de telefone
Memória Implícita (permanente): a memória se manifesta sem esforço ou intenção consciente, não temos consciência do que estamos nos lembrando. Ex: escovar os dentes ou andar de bicicleta, enfim hábitos diários.
A memória explicita que é transitória, é importante para a regulação do nosso comportamento. Essa memória era chamada de memória de curto prazo, hoje é chamada de memória de trabalho ou operacional.
Informações relevantes – Atenção – Consciência. As memórias relevantes são armazenadas no consciente e depois vão para o subconsciente.
Além da afetividade é preciso ter atenção para armazenar conhecimentos. Portanto, é preciso observar o aluno para verificar se este tem algum déficit ou se problemas familiares estão afetando a aprendizagem, deste modo é preciso que o professor e a comunidade escolar tenham conhecimentos para não julgar injustamente um aluno.






quarta-feira, 25 de setembro de 2019

O PROCESSO DIAGNÓSTICO




Diagnóstico Psicopedagógico.

A avaliação psicopedagógica tem como objetivo situar os recursos utilizados e as dificuldades do aprendente no processo de apropriação do conhecimento. Pretende-se obter uma compreensão global da forma de aprender e dos desvios que estão ocorrendo em seu processo de aprendizagem e adaptação escolar.
É uma investigação do significado, da causa e da modalidade da aprendizagem do sujeito, suas possibilidades e impossibilidades no que diz respeito à aquisição do conhecimento com visitas do potencial da criança.
De acordo com Weiss (1994, p.18) o objetivo básico do diagnóstico é identificar os desvios e os obstáculos básicos no modelo de aprendizagem do sujeito que o impedem de conhecer na aprendizagem do sujeito que o impedem de crescer na aprendizagem dentro do esperado pelo meio social.
Para Rubinstein (1996, p.134) deve mobilizar o aprendente e seu entorno – família e escola – no sentido da construção de um olhar sobre o não aprender.
“... os momentos do processo diagnóstico que procuram obter todos os dados necessários para compreender o significado, a causação e a modalidade da perturbação que em cada caso motiva a demanda assistencial.” (PAIN, 2008, p. 35)
A sequência diagnóstica dependerá da fundamentação teórica que norteia a prática profissional, o que implica em diferentes abordagens.
A escolha dos primeiros instrumentos a serem utilizados será definida após o primeiro encontro com o avaliando, vale ressaltar que não concebemos uma avaliação padronizada e estanque, pois todo o processo apoia-se na demanda, na escuta e no olhar do terapeuta. A cada encontro com base nas observações colhidas elaboramos um novo sistema de hipóteses sobre as possíveis causas, descartando aquelas que se mostrarem menos prováveis direcionando o trabalho de avaliação, tornando-o mais objetivo (CHAMAT, 2004) e selecionamos os instrumentos de investigação, isso ocorrerá até o final da avaliação quando concluiremos com o parecer ou informe Psicopedagógico embasado nas hipóteses confirmadas ao longo do processo.  

Os procedimentos para a coleta de dados

Entrevista Inicial – essa entrevista é feita em clínica com o responsável pelo paciente, no entanto, na Instituição, seja escolar ou de outro segmento, tem o objetivo de colher os dados sobre a instituição, as inquietações frente as dificuldades vivenciadas pelo grupo: o que se pretende fazer, qual é o principal problema que afeta a comunidade escolar ou o grupo.  O que a equipe pedagógica espera com a intervenção de um Psicopedagogo.
Análise do material escolar ou do PPP – implica em verificar a metodologia utilizada em sala de aula, a organização e estruturação das atividades e o cuidado que cada criança, ou adolescente, tem com o material escolar. Quais matérias são utilizados nos ensino fundamental e médio. No caso das escolas infantis (creche e pré-escola), se o material é apropriado para a idade, se as crianças tem acesso aos brinquedos, quantidade de brinquedos e materiais pedagógicos per capita, se os brinquedos são didáticos e estimulantes, a qualidade dos brinquedos, etc.
Avaliação comportamental e pedagógica/ Relatório escolar – transmitem a visão dos professores sobre a conduta dos alunos em sala de aula, o relacionamento com os colegas e a relação entre os profissionais, enfim como está o relacionamento da comunidade escolar – no caso de empresas de outros segmentos como está a relação social dos colaboradores – além do planejamento das aulas.

Inicialmente são feitas três entrevistas: com a equipe pedagógica, com o corpo docente e com a família – neste caso é preciso marcar uma reunião com os pais conforme necessidade e indicação da equipe pedagógica.
As entrevistas e orientação às famílias são feitas conforme relatório escolar e indicação dos professores, no entanto é possível fazer uma reunião com os pais para orientá-los sobre as dificuldades de aprendizagem. 

LEITURA: 
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quarta-feira, 18 de setembro de 2019

O QUE É NEUROCIÊNCIA




O QUE É NEUROCIÊNCIA?

       A Neurociência é a ciência que estuda o SNC (Sistema Nervoso Central) e SNP (Sistema Nervoso Periférico), além de estudar a anatomia e fisiologia cerebral.
       Os estudos da Neurociência se referem ao encéfalo que é o conjunto do tronco cerebral, cerebelo e cérebro, parte superior do sistema nervoso central que controla o organismo.


       A Neurociência é uma ciência nova, antes quem estudava a anatomia cerebral e sua fisiologia era somente a neurologia, hoje esta ciência recente, e tão importante, não somente estuda o encéfalo como tem uma multidisciplinaridade e está sendo utilizada em várias áreas de pesquisas e departamentos de justiça (Neurociência Forense) além da polícia, tal como no FBI, nos Estados Unidos, devido ao seu aprofundamento sobre o funcionamento do cérebro, as sinapses neuronais e como esse órgão conduz o nosso comportamento.
Essa ciência teve seu início no século XIX com os experimentos dos fisiologistas Fritsch e Hitzig, após fundamentar as pesquisas de Wernicke e Broca sobre a funcionalidade das áreas da linguagem no lobo temporal cerebral.
Gustav Fritsch e Eduard Hitzig aprimoraram os conhecimentos da neurologia sobre o funcionamento do SNC estabelecendo a localização cerebral e suas funções com estimulações elétricas: estimularam pequenas regiões cerebrais com eletricidade na superfície do cérebro de cães acordados o que causou contrações musculares na cabeça e pescoço e em outras partes causavam reações nas pernas anteriores e posteriores. Isso significa que estes cientistas realizaram um experimento de localização anatômica e didática das partes motoras do cérebro. O que para nós foi uma conquista, pois a partir dai foram realizados vários outros experimentos dando início a uma nova área de estudos e pesquisas, isto é, a Neurociência que conhecemos hoje.  
Após a pseudo ciência de Gall – a teoria sem fundamentação teórica e pesquisas realmente comprovadas – a frenologia ser refutada, a Academia Francesa de Ciências pediu ao neurofisiologista  Pierre Flourens  para realizar experimentos em animais em prol da refutação das inferências de Gall. Deste modo, suas primeiras pesquisas  se iniciaram em 1825 quando foram feitas as primeiras descobertas relacionadas ao funcionamento do encéfalo.
Dai por diante muitas pesquisas referentes ao funcionamento do encéfalo se estabeleceriam dando a proporção de pesquisas neurocientíficas que existem hoje.
A associação de neurocientistas foi criada somente na década de 1970 dando possibilidades dos estudos se multiplicarem e serem usados em várias áreas, no entanto ela é uma ciência única, contudo utilizada para vários setores, seja na educação, na saúde, no marketing, nas tecnologias de informática ou laboratoriais, enfim, é preciso conhecer o funcionamento do encéfalo para conhecer o comportamento humano.
Essa ciência nasce a partir da neurofisiologia, mas tem sua fundamentação na biologia, pois parte do pressuposto das ciências biológicas, porque se estuda a estrutura das moléculas, das ciências químicas e físicas, porque estuda as propriedades elétricas e químicas. Deste modo, podemos dizer que a Neurociência é muito rica, pois é multidisciplinar o que nos causa algum trabalho em estuda-la. O estudante que não tiver alguma base em biologia deverá se interar.
Estudos neurocientíficos mostram que gestações mal sucedidas podem causar lesões, doenças mentais e deficiência intelectual nas crianças, ou seja, está área nos ajuda identificar os por quês de déficits intelectuais e distúrbios neurobiológicos, dando respaldo ao Psicopedagogo e ao professor em sala de aula.
Acidentes durante a gravidez e o parto, infecções maternas por rubéola, asfixia durante o parto, nutrição deficiente durante a gravidez, síndrome fetal alcoólica, estado de miséria – falta de boa nutrição, socialização e estímulos sensoriais – durante a infância, tudo isso foi documentado pela neurociência como causas de deficiência intelectual em bebês.
É por isso que estudantes de pedagogia ou de outras licenciaturas, enfim, quem pretende ser professor deve iniciar os estudos em Neurociência, porque é preciso saber que nem todo aluno aprende com aulas tradicionais: as aulas devem ser personalizadas. Além disso, é preciso entender que um aluno de uma classe social menos favorecida, por muitas vezes, não terá a mesma inteligência de um aluno da elite, ou seja, as possibilidades de problemas no encéfalo durante a gestação são possíveis.
Com o estudo da Neurociência podemos conhecer didaticamente as partes do cérebro, as células neuronais e como se dão as sinapse e saber, principalmente, como estimulá-lo para que haja uma maior probabilidade de conhecimentos. Sabemos hoje que o nosso cérebro é plástico, isto é, quanto mais estimulo, mais se expande proporcionando novas sinapses.
Crianças com retardo mental têm falhas no espinhamento dendrítico, ou seja, quanto mais espaçamentos nos espinhos dos dendritos maior é o grau de deficiência. Uma criança cuja vida neonatal foi prejudicada, por falta de nutrientes ou devido à doenças, terá menos sinapses, portanto profundas mudanças nas conexões cerebrais.
Para reverter esse quadro é preciso estimular o cérebro com instrumentos pedagógicos, os jogos, por exemplo, e com uma alimentação adequada, além de estímulos sociais, conexões com o mundo exterior, novas culturas, atividades lúdicas etc. tudo isso em prol de uma plasticidade cerebral.  
O cérebro é dividido didaticamente em dois hemisférios: o direito (área da criatividade) e o esquerdo (área da lógica e da linguagem), contudo funciona em conjunto, não existe a possibilidade de uma área funcionar mais que a outra, somente se for lesionada.

Hemisférios Cerebrais

Além dos hemisférios o encéfalo foi dividido didaticamente para estudos, para que possamos saber como ele funciona e qual região é responsável pelo o quê e de que forma as sinapses neuronais passam as informações entre si e como estabelecem o funcionamento do encéfalo, bem como do corpo.
O neocórtex cerebral ou cérebro racional é dividido em Lobos ou regiões:
Lobo Frontal – Dividido em duas áreas, córtex motor e pré-frontal, a principal função do córtex motor e controlar os movimentos voluntários, incluindo a linguagem, da escrita e dos olhos. O pré-frontal é responsável pelas funções cognitivas, está relacionado com o raciocínio lógico.
Lobo Temporal – É relacionado principalmente com o sentido da audição possibilitando o reconhecimento de sons específicos e a intensidade do som. É responsável pelo estabelecimento da memória, pois aqui fica o Hipocampo que é a sede das memórias.
Lobo Occipital – É responsável pelo processamento das informações visuais, tumores ou lesões nesta região pode causar cegueira.
Lobo Límbico – Envolvido com aspectos comportamentais é influenciado pelas emoções, onde nascem, e comportamento sexual. As memórias são processadas nesta região, no hipocampo. Essa região é muito trabalhada por nós Psicopedagogos e neurocientistas, porque essa é a sede das emoções e são elas que efetivam os conhecimentos, e da defesa instintual, pois é aqui que ficam as amigdalas responsáveis pelo medo e a ansiedade.
Lobo Parietal – Localizado na parte superior do cérebro é subdividido: parte anterior (designa-se por córtex somatossensorial que possibilitam a recepção das sensações, de dor, tato e temperatura do corpo) e posterior que é uma área secundária e analisa, interpreta e integra as informações recebidas pela área anterior ou primária.
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Toda a funcionalidade do nosso corpo perpassa as áreas cerebrais, inclusive aquela sensação que alguns chamam de “sexto sentido” que na verdade são os nossos neurônios, que estão em várias partes do nosso organismo, mandando informações para o nosso Lobo Parietal, responsável pelas sensações e percepções.
Portanto, o estudo da Neurociência é importante para saber como o nosso encéfalo funciona, como conduz o nosso comportamento, como são feitas as sinapses e de que forma posso melhorar o meu desempenho cerebral, isto é, como posso melhorar a minha plasticidade cerebral. Isso significa que com estímulos todos nós podemos ser pessoas inteligentes.

Bibliografia
COSENZA, Ramon M. & GUERRA, Leonor B. Neurociência e Educação. Porto Alegre: Artmed, 2011.
MELO et al. Neuroanatomia: Pintar para aprender. Rio de Janeiro: Gen/ Roca, 2018.



terça-feira, 17 de setembro de 2019

PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E INSTITUCIONAL




Psicopedagogia Clínica ou Institucional? Qual é a diferença?

A psicopedagogia é uma técnica da Psicologia, é um estudo, portanto não é uma ciência, contudo fundamenta as suas práticas e pesquisas em várias ciências: Psicologia, Sociologia, Filosofia, Antropologia, Psicanálise e Neurociência.  Bebe da fonte das Psicologias, deste modo se baseia nas teorias Construtivista e Sócio-construtivista de Jean Piaget e Vygotsky, entre outros, da Psicologia Cognitiva e Comportamental, porque o Psicopedagogo precisa identificar se o problema de aprendizagem é cognitivo (neurobiológico) ou comportamental – neste caso a fonte pode ser emocional ou cultural – e desta forma, deve analisar o convívio social do paciente.
As várias teorias psicológicas são as bases do trabalho deste profissional, mas também a psicanálise – visto que muitos instrumentos utilizados na clínica ou Espaço Psicopedagógico é fundamentado pela psicanálise, afinal é preciso observar e analisar o paciente para ter certeza das causas de seu problema, que pode ser traumática.
Essas práticas são clínicas, por isso diferenciamos a nomenclatura que utilizamos conforme o atendimento: na clínica o nosso cliente é o paciente e na Instituição educacional ou no trabalho realizado em empresas este é o aprendente. No entanto, as bases científicas são as mesmas.
A Psicopedagogia clínica é praticada em consultório e Espaço Psicopedagógico com instrumentos específicos para diagnosticar, fazer a intervenção ou prevenir problemas e dificuldades de aprendizagem de pacientes com histórico de fracasso escolar ou com dificuldades de aprendizagem em seu ofício, seja em empresas ou por transtornos neurobiológicos, lesões cerebrais, causadas por acidentes ou A.V. C, entre outros.
O paciente que procura um consultório psicopedagógico geralmente vem encaminhado por outro profissional da área da saúde ou da educação (oriundos das escolas e centros educacionais). A parceria com outros profissionais é muito importante, porque dependendo do diagnóstico é preciso encaminhá-lo para um neurologista, fonoaudiólogo ou psicólogo, o psicopedagogo nunca trabalha sozinho.
A palavra clínica significa “olhar de perto”, portanto para se observar atentamente e investigar a causa do problema ou dificuldade de aprendizagem do paciente é preciso um olhar clínico um tratamento personalizado, pois dependendo do problema, se for um transtorno neurobiológico, o paciente precisará de uma atenção especial, o que não da para fazer na escola, por exemplo, em grupo.
O Psicopedagogo clínico atende a pessoas de todas as idades com diferentes problemas e dificuldades de aprendizagem e não somente de crianças em idade escolar.
Quando se fala na profissão do psicopedagogo temos que lembrar que apesar do trabalho ser realizado em clínica ou em outra instituição, a formação deste profissional é somente uma, isto é, a pós-graduação – que deve ser realizada em Faculdades, Universidades e Centros Universitários devidamente credenciados pelo MEC – deve ter uma grade que contenha disciplinas de clínica e institucional. Verifique a grade e as disciplinas antes de escolher uma faculdade e realize uma pesquisa para saber se a faculdade é credenciada. Além disso, a clínica também é uma instituição a diferença está na intervenção, que no caso institucional é feita em grupo.

A Psicopedagogia Institucional
A Psicopedagogia Institucional tem por objetivo a assessoria pedagógica e psicopedagógica em escolas, centros educacionais, ONGs ou em qualquer instituição que precise da orientação deste profissional.
Tem o propósito de orientar a equipe pedagógica, docentes e discentes, bem como as famílias no que se refere aos problemas e dificuldades de aprendizagem mostrando como diferenciá-los e como lidar com estes. O Psicopedagogo escolar trabalha junto à coordenação e direção da Instituição podendo participar, inclusive da construção do PPP (Plano Político Pedagógico) da escola.
Deve auxiliar a equipe e corpo docente quanto as diferentes fases de desenvolvimento do aprendente e mostrar-lhes como trabalhar com diversas técnicas pedagógicas de acordo com a idade destes aprendentes, além disso, auxilia-los quanto aos problemas emocionais, visto que todos somos afetados emocionalmente o tempo todo, no entanto para a criança e para o adolescente é mais difícil lidar com conflitos existenciais. Isso se deve a anatomia e fisiologia cerebral.
Destarte, o Psicopedagogo deve conhecer profundamente as teorias construtivista e cognitivista de Piaget, a sócio-construtuvista de Vygotsky, as teorias dos grupos e dos vínculos de Pichon Riviere, além de Wallon, Winnicott, entre outras teorias da psicologia cognitiva, comportamental e social, buscando entender e analisar os grupos culturais para integrá-los.
Além das teorias mencionadas acima é imprescindível estudar a Neurociência, para conhecer a anatomia e fisiologia cerebral, assim como a constituição do SNC e SNP.
A Neurociência tem auxiliado com maestria o trabalho do psicopedagogo e poderá ajudar o professor em sala de aula.  
O Psicopedagogo Instrucional pode implantar métodos lúdicos de aprendizagem e ensinagem, tais como jogos, encenações e peças de teatro para estimular as funções cognitivas do aprendente, bem como auxiliar o professor na ensinagem, destarte atingindo a todos os grupos. Para trabalhar os problemas emocionais pode utilizar o Psicodrama.
Enfim, o trabalho do Psicopedagogo Institucional não se limita às escolas e centros educacionais, mas pode ser realizado em ONGs de todos os segmentos, hospitais empresas e autoescolas. Os instrumentos de intervenção, prevenção e avaliação psicopedagógica é para qualquer pessoa que possua alguma dificuldade ou problema de aprendizagem.
Para mais informações acesse o site da Abpp Associação Brasileira de Psicopedagogia www.abpp.com.br






quinta-feira, 12 de setembro de 2019

A PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO




PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO 

A Psicologia do Desenvolvimento e as Teorias do Conhecimento. 

Começamos este texto com as teorias do desenvolvimento estudadas na Psicologia devido à importância desta para a eficácia do trabalho do Psicopedagogo, visto que este deve saber as etapas de desenvolvimento do aprendente para que possa trabalhar com instrumentos específicos e de acordo com a sua idade, bem como com as possibilidades de aprendizagem. deste modo, poderá identificar possíveis problemas cognitivos e diferenciar problemas neurobiológicos com dificuldades de aprendizagem por causas emocionais ou de má ensinagem. 
A Psicologia do desenvolvimento começa a partir das teorias do conhecimento dos filósofos empiristas e racionalistas da modernidade: a filosofia sempre se preocupou com como o cérebro aprende, como se dá o conhecimento na mente, isso desde os primórdios da filosofia antiga na Grécia. Contudo, vamos nos ater as teorias racionalistas e empiristas dos modernistas John Locke, David Hume, o inatismo ou racionalismo de Descartes e a revolução Kantiana de Immanuel Kant que é a teoria que mais se aproxima dos estudos atuais, principalmente nas áreas da Neurociência.

René Descartes: Penso Logo Existo 
O filósofo René Descartes nasceu na França no ano de 1596 e  dedicou a sua vida a investigação filosófica. Seu livro O discurso do Método, publicado em 1637, foi, junto com Meditações, a obra que inaugurou a filosofia moderna.. 
Foi a partir de sua indagações que Descartes engendrou esse livro tão famoso, pois foi em seus aposentos, analisando a própria mente, que o filósofo duvidou da própria existência ou da realidade que o cercava  chegando à conclusão que se pensava é porque existia criando a máxima Cogito ergo sum: Penso Logo Existo, o que mais tarde foi utilizado pela ciência como o  Cogito cartesiano que é o método de pesquisa das ciências. 
Descartes verificou a origem do erro, nos pensamentos, a partir de duas atitudes que chamou de  atitudes infantis ou preconceitos de infância (CHAUI, 2010, p. 166). 
A prevenção que nos deixa levar pela opinião alheia, ou seja, ideologia ou cultura de massa, sem se preocupar em analisar a verdade. temos que utilizar esse pensamento de Descartes o tempo todo, já que somos pessoas inteligentes e dotadas de conhecimento. ao contrário seremos somente mais uma criatura ignorante e sem a qualidade da razão (raciocínio lógico). 
As opiniões dão a falsa impressão de verdade absoluta o que nos acarreta pré-conceitos ((julgar sem conhecer).
A precipitação que a nossa  vontade nos faz emitir - vide Neurociência hoje, às emoções que nos causam antecipação e sofrimento - juízos antes de verificarmos se nossas ideias são verdadeiras. São opiniões que nossa vontade, por ser mais forte e poderosa que o intelecto, nos atribuem como verdades absolutas. Poderíamos aqui reforçar as teses de Descartes com as teorias de Freud sobre o instinto e a razão. no entanto veremos  isso em outro texto. 
Essas duas atitudes indicam, segundo Descartes,  que o erro situa-se no conhecimento sensível (sensação, percepção, imaginação, memória e linguagem). Para ele o conhecimento  real era puramente intelectual. Descartes achava que deveria haver uma reforma no entendimento da Ciência, ou seja, a reforma deveria ser feita pelo sujeito do conhecimento.   
Descartes criou um método de investigação científica para a busca da verdade que deveria seguir alguns preceitos: assegurar a reforma do intelecto como caminho seguro para a verdade; oferecer procedimentos pelos quais a razão possa controlar-se durante o processo de conhecimento; permitir a ampliação ou o aumento do conhecimento; oferecer os meios para que os novos conhecimentos possam ser aplicados.
O método era necessário para distinguir os pensamentos verdadeiros dos falsos. O sujeito do conhecimento descobre-se como uma consciência que não pode contar com o auxílio do mundo, desconfia dos conhecimentos sensíveis e culturais, o método guiará a distinção do verdadeiro e do falso 
Por que falar de Descartes em um artigo que se trata da psicologia do desenvolvimento e da psicopedagogia? Porque foi a parir das análises de Descartes a respeito do verdadeiro e do falso na investigação científica e filosófica é que se criou um método de investigação generalizado para as ciências, para que possamos confiar nas análises, sejam em laboratórios químicos, biológicos, físicos, enfim, em todas as áreas científicas, inclusive nas Humanas aos quais o laboratório é em campo, ou seja, na sociedade. É preciso diferenciar o científico, postulado primeiramente com hipóteses, da opinião popular em que uma ideologia é espalhada sem crivo científico. 
Assim é na Psicopedagogia que também é um estudo, uma técnica da Psicologia embasada em conhecimentos científicos testados. 
Dentro das análise filosóficas da idade moderna temos também John Locke (século XVII) que criou a teoria do conhecimento propondo analisar  cada uma das formas de conhecimento: a origem das ideias, a imaginação, a capacidade do sujeito cognoscente. Perceba que estes foram os precursores da Neurociência, que hoje, com exames de imagem, consegue estudar a ver em que área cerebral cada coisa acontece, o que era apenas uma suposição passou a ser um fato. 
Locke achava que o conhecimento situa o homem acima de outros seres e que o fato de observar requer esforço. para John Locke é a experiência que nos traz o conhecimento: Teoria que será utilizada na Psicologia Construtivista. 
David Hume, filósofo escocês empirista, assim como Locke, analisou a origem das ideias enfatizando o conhecimento a partir da experiência e acreditava que o conhecimento é sensível, ou seja, somente conhecemos a nossa realidade a partir da nossa experiência, daquilo que vivemos, somente depois de experimentarmos a realidade é que as ideias vão para a nossa mente. Assim como Locke, Hume acreditava que o nosso cérebro é uma Tabula Rasa.. 
Para  equilibrar as teorias empiristas e racionalistas Immanuel Kant (1724-1804), criou uma teoria que faria todos compreenderem que não é a mente que vai ao objeto do conhecimento, mas sim o objeto é que vem até a mente, como se esta sugasse o objeto para si. Denominou essa teoria de revolução Copernicana Kantiana, em que Kant diz que os conhecimentos são tanto racionais quanto empíricos, pois o nosso cérebro tem estruturas mentais que nos ensejam o conhecimento. Kant não estava errado. Hoje a Neurologia, assim como a Neurociência a partir de estudos e testes laboratoriais nos dão a possibilidade de conhecer as divisões cerebrais didaticamente e saber que são as sinapses neuronais que nos proporcionam conhecer a nossa realidade, além de nos mostrar de que forma sedimentamos o conhecimento na memória. 

A Psicologia do Desenvolvimento. 
A Psicologia do desenvolvimento engendrou-se como um estudo essencial para a compreensão do comportamento humano. Estuda o desenvolvimento do indivíduo e todas as mudanças que ele sofre em todos os aspectos da vida: cognitivo, afetivo, moral e social. O desenvolvimento humano refere-se ao desenvolvimento mental e orgânico (fisiológico), isto é, ao crescimento. Estudar o desenvolvimento humano significa descobrir que ele é determinado pela interação continua de vários fatores, significa compreender o desenvolvimento e as características de cada faixa etária, permitindo-nos reconhecer as individualidades, o que nos torna mais aptos para a observação e as interpretações do comportamento. 
Os fatores que influenciam o desenvolvimento humano são a hereditariedade (carga genética), crescimento orgânico e maturação neurológica, além disso as influências do meio em que vivemos: somos produtos do meio.
Esta  área do conhecimento estuda o desenvolvimento do ser humanos em  todos os seus aspectos, haja vista a necessidade de conhecer se este é saudável analisando o físico-motor, intelectual, afetivo-emocional e social, desde o nascimento até a melhor idade. 
Existem várias teorias do desenvolvimento na Psicologia que foram construídas a partir das observações e pesquisas com grupos de indivíduos de diferentes faixas etárias. Na atualidade a Psicologia do desenvolvimento é um campo de estudos da Psicologia com objetivos e métodos definidos, o que pretende observar, descrever e explicar os processos e mecanismos psicológicos internos que proporcionam  o aparecimento dos fenômenos comportamentais, tais como choro, agressão, linguagem, apego, etc.
A Psicologia do desenvolvimento serviu de base para a psicologia da educação, e consequentemente para a psicopedagogia, dando subsídios para que o professor conheça o processo de desenvolvimento do aprendente, bem como do paciente em consultório psicopedagógico clínico ou para a compreensão de todos os seres humanos já que vivemos em sociedade.   
No próximo texto iremos estudar as teorias de Jean Piaget, Vigotski, entre outros que fazem parte da construção deste estudo.



BIBLIOGRAFIA 

CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Editora Ática, 2010.
CORREA, et al. Psicologia da Educação e da Aprendizagem. Londrina: Editora e distribuidora Educacional S.A, 2016.





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