segunda-feira, 11 de julho de 2022

Emoções, Vieses e Heurísticas.

 

Emoções, Vieses e Heurísticas. A influência das emoções nas tomadas de decisões. 

Por  Katia Santana.

 

          As emoções estão presentes nas nossas vidas desde a tenra idade – veja a simbiose entre mães e bebês e o processo afetivo que conduz a criança a ser um adulto com alta autoestima - durante o nosso processo de desenvolvimento. As emoções nos dão a condição humana de sermos seres participativos dos grupos sociais estreitando laços afetivos e harmonizando a sociedade

          Contudo essas emoções, muitas vezes, nos atrapalham nas tomadas de decisões, visto que somos seres altamente emocionais e menos racionais, como se pensava antigamente.

Nosso cérebro pega atalhos mentais para economizar tempo e energia na hora de tomar uma decisão. Esses atalhos se chamam heurísticas.

          As heurísticas são atalhos mentais, automáticos memorizados pelo nosso cérebro para que possamos ter praticidade no dia a dia. Esses atalhos ficam cristalizados no hipocampo para que as nossas ações sejam otimizadas: quando vamos ao supermercado – devido ao nosso conhecimento das disposições dos produtos por prateleiras – caminhamos direto para o corredor em que o produto que procuramos está, porque memorizamos os corredores, as prateleiras e a disposição dos produtos. Esses são processos automáticos.

          Os atalhos mentais nos ajudam constantemente a tomar decisões corriqueiras do dia a dia. Desta forma, as heurísticas são importantes nos processos de decisão.

          No entanto, baseados na ideia de que somos seres mais racionais do que emocionais nos equivocamos nas decisões mais importantes das nossas vidas, aquelas baseadas em objetivos e projetos a longo prazo – dimensão marcada para um projeto futuro – tal qual investimentos financeiros, como o financiamento de um imóvel ou a compra de títulos (ativos econômicos).

          Ao passo que nos baseamos em teorias pouco experimentadas e que se tornaram mitos sociais, como a do homo economicus, em que se acreditava que nós seres humanos somos seres egoístas e competitivos, percebemos hoje, a partir de pesquisas neurocientíficas e da teoria do Nobel da economia Daniel Kahneman (modelos cognitivos de tomada de decisões), que não somos tão racionais assim, pelo contrário a maior parte das nossas decisões são tomadas de forma instintual e emocional.

          A teoria do Homo Economicus postulava que os seres humanos se baseavam na razão para encontrar a melhor forma de racionalizar seus recursos na tomada de decisão. O que não é um fato.

          O comportamento base da sociedade não é o mesmo, somos seres subjetivos, portanto tentamos da melhor forma, instintual, preservar a nossa espécie: ao tomar a decisão da compra de um imóvel, por exemplo, a maior parte das pessoas não pensa na angústia de ficar pagando esse produto por longo tempo, mas sim na segurança de um local para a sua família morar, isso é instinto e não razão.

          Conforme teses científicas, baseadas na História e na biologia, os seres humanos condicionados pelo instinto primitivos buscam soluções de preservação da espécie: é o nosso DNA Homo sapiens que “fala mais alto”.

          Conforme o Professor Boggio, nossa racionalidade é limitada isso quer dizer que não temos acesso a todas as informações – nosso cérebro não armazena todas as informações recebidas por dia – além disso, nossas funções cognitivas não têm capacidade para lidar com o amontoado de informações diárias. 

          Portanto, é preciso entender que ao tomarmos decisões as emoções são mais rápidas que a razão. Para raciocinar sobre um problema demoramos frações de segundos, disponibilizamos de tempo e energia, enquanto as emoções são espontâneas. O que significa que o nosso cérebro decide por nós.

          Deste modo, baseados nas emoções vieses e heurísticas, nosso cérebro busca um caminho mais rápido para a tomada de decisão, o que chamamos de atalhos mentais.

          Os vieses cognitivos são padrões de distorções de julgamento, tal como o viés de confirmação que pode nos levar a cometer erros na hora da compra, pois são baseados em crenças, “mitos” sociais dentro dos grupos culturais. Por exemplo de que todos nós devemos possuir uma casa própria, um carro na garagem e roupas da moda, além de cartões de crédito, mesmo que isso nos leve a angústia do trabalho excessivo, culminando em estresse e falta de qualidade de vida: mantemos a nossa crença, opiniões, mesmo com evidências contrarias.

          Os atalhos mentais são necessários para as práticas diárias, mas não quer dizer que sejam eficiente o tempo todo. Contudo, não temos o controle total das nossas funções cognitivas e nem tampouco das nossas emoções, esta última pode ser gerenciada, melhorada com conhecimentos e com a terapia cognitiva comportamental. No entanto, não significa que nos tornaremos o Homo economicus da teoria de outrora.

          Somos seres emocionais e o que nos resta é encontrar meios para gerenciar as emoções em prol de uma vida melhor.

 

 

 

REFERÊNCIAS

 

EBOOK Trilha 3. Os Limites da Razão. São Paulo: Mackenzie, 2022.

KAHNEMAN DANIEL. Rápido e Devagar: Duas formas de Pensar. – 1ºed. – São Paulo: Objetiva, 2012

ZMOTINSTITUTE. Heurística: Como Acontece a Tomada de Decisão. https://zmotinstitute.com >heurística. Publicação em 18/02/2021.

 

 

         

Nenhum comentário:

Postar um comentário

  Transtornos Psicológicos Transtornos de Ansiedade CID F41            Os transtornos de ansiedades são transtornos psicológicos cara...