Emoções,
Vieses e Heurísticas. A influência das emoções nas tomadas de decisões.
Por Katia Santana.
As emoções estão presentes nas nossas vidas desde a tenra
idade – veja a simbiose entre mães e bebês e o processo afetivo que conduz a
criança a ser um adulto com alta autoestima - durante o nosso processo de
desenvolvimento. As emoções nos dão a condição humana de sermos seres
participativos dos grupos sociais estreitando laços afetivos e harmonizando a
sociedade
Contudo essas emoções, muitas vezes, nos atrapalham nas
tomadas de decisões, visto que somos seres altamente emocionais e menos racionais,
como se pensava antigamente.
Nosso
cérebro pega atalhos mentais para economizar tempo e energia na hora de tomar
uma decisão. Esses atalhos se chamam heurísticas.
As heurísticas são atalhos mentais, automáticos memorizados
pelo nosso cérebro para que possamos ter praticidade no dia a dia. Esses
atalhos ficam cristalizados no hipocampo para que as nossas ações sejam
otimizadas: quando vamos ao supermercado – devido ao nosso conhecimento
das disposições dos produtos por prateleiras – caminhamos direto para o
corredor em que o produto que procuramos está, porque memorizamos os
corredores, as prateleiras e a disposição dos produtos. Esses são processos
automáticos.
Os atalhos mentais nos ajudam constantemente a tomar
decisões corriqueiras do dia a dia. Desta forma, as heurísticas são importantes
nos processos de decisão.
No entanto, baseados na ideia de que somos seres mais
racionais do que emocionais nos equivocamos nas decisões mais importantes das
nossas vidas, aquelas baseadas em objetivos e projetos a longo prazo – dimensão
marcada para um projeto futuro – tal qual investimentos financeiros, como o
financiamento de um imóvel ou a compra de títulos (ativos econômicos).
Ao passo que nos baseamos em teorias pouco experimentadas e
que se tornaram mitos sociais, como a do homo economicus, em que se
acreditava que nós seres humanos somos seres egoístas e competitivos,
percebemos hoje, a partir de pesquisas neurocientíficas e da teoria do Nobel da
economia Daniel Kahneman (modelos cognitivos de tomada de decisões), que não
somos tão racionais assim, pelo contrário a maior parte das nossas decisões são
tomadas de forma instintual e emocional.
A teoria do Homo Economicus postulava que os seres
humanos se baseavam na razão para encontrar a melhor forma de racionalizar seus
recursos na tomada de decisão. O que não é um fato.
O comportamento base da sociedade não é o mesmo, somos
seres subjetivos, portanto tentamos da melhor forma, instintual, preservar a
nossa espécie: ao tomar a decisão da compra de um imóvel, por exemplo, a maior
parte das pessoas não pensa na angústia de ficar pagando esse produto por longo
tempo, mas sim na segurança de um local para a sua família morar, isso é
instinto e não razão.
Conforme teses científicas, baseadas na História e na
biologia, os seres humanos condicionados pelo instinto primitivos buscam
soluções de preservação da espécie: é o nosso DNA Homo sapiens
que “fala mais alto”.
Conforme o Professor Boggio, nossa racionalidade é limitada
isso quer dizer que não temos acesso a todas as informações – nosso cérebro não
armazena todas as informações recebidas por dia – além disso, nossas funções
cognitivas não têm capacidade para lidar com o amontoado de informações
diárias.
Portanto, é preciso entender que ao tomarmos decisões as
emoções são mais rápidas que a razão. Para raciocinar sobre um problema
demoramos frações de segundos, disponibilizamos de tempo e energia, enquanto as
emoções são espontâneas. O que significa que o nosso cérebro decide por nós.
Deste modo, baseados nas emoções vieses e heurísticas,
nosso cérebro busca um caminho mais rápido para a tomada de decisão, o que
chamamos de atalhos mentais.
Os vieses cognitivos são padrões de distorções de
julgamento, tal como o viés de confirmação que pode nos levar a cometer erros
na hora da compra, pois são baseados em crenças, “mitos” sociais dentro dos
grupos culturais. Por exemplo de que todos nós devemos possuir uma casa
própria, um carro na garagem e roupas da moda, além de cartões de crédito,
mesmo que isso nos leve a angústia do trabalho excessivo, culminando em
estresse e falta de qualidade de vida: mantemos a nossa crença, opiniões, mesmo
com evidências contrarias.
Os atalhos mentais são necessários para as práticas
diárias, mas não quer dizer que sejam eficiente o tempo todo. Contudo, não
temos o controle total das nossas funções cognitivas e nem tampouco das nossas
emoções, esta última pode ser gerenciada, melhorada com conhecimentos e com a
terapia cognitiva comportamental. No entanto, não significa que nos tornaremos
o Homo economicus da teoria de outrora.
Somos seres emocionais e o que nos resta é encontrar meios
para gerenciar as emoções em prol de uma vida melhor.
REFERÊNCIAS
EBOOK Trilha 3. Os Limites
da Razão. São Paulo: Mackenzie, 2022.
KAHNEMAN DANIEL. Rápido e
Devagar: Duas formas de Pensar. – 1ºed. – São Paulo: Objetiva,
2012
ZMOTINSTITUTE. Heurística: Como
Acontece a Tomada de Decisão. https://zmotinstitute.com >heurística.
Publicação em 18/02/2021.
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